10.12.08

2 de Bolaño

Harry Potter intelectual
Folha de São Paulo - 10/12/2008
por Sylvia Colombo
"Os Estados Unidos vivem hoje duas manias. A Obama-mania e a Bolaño-mania." A frase é de ninguém menos que Andrew Wylie, um dos mais importantes agentes literários do mundo. O representante de autores como Philip Roth, Saul Bellow e Norman Mailer declarou à Folha que, em 30 anos de atuação no mercado editorial, jamais havia observado um fenômeno de vendas como o que está sendo alcançado pelo chileno Roberto Bolaño (1953-2003). Nos EUA, atualmente, menos de 4% dos livros de ficção são traduzidos de outras línguas. Neste cenário, um estrangeiro que atinge a marca de mais de 75 mil cópias vendidas com um só título (2666) é um verdadeiro recorde. O legado de Bolaño passou recentemente, a pedido de sua viúva, às mãos do escritório de Wylie. Na última Feira de Frankfurt, em outubro, o agente apresentou um livro inédito, The Third Reich (O terceiro reich), e anunciou o começo dos trabalhos de edição de outros escritos do chileno que ainda não vieram à luz.

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Bolaño narra drama da geração 68
Folha de São Paulo - 10/12/2008
por Joca Reiners Terron
Assim como outros poemas e contos de Roberto Bolaño, Amuleto (Companhia das Letras, 136 pp., R$ 33 - Trad. Eduardo Brandão) é uma novela-estilhaço saída do buraco negro cosmogônico representado por Os Detetives Selvagens. Nela, ouvimos a voz (e são tantas as vozes em Bolaño, porém sempre a mesma, a soar na garganta de toda uma geração) de Auxilio Lacouture, poeta uruguaia magra como o Quixote e desdentada feito a poesia, que morde mesmo sem ter dentes com que morder. Enquanto narra (ou canta), Auxilio, "a mãe dos poetas do México", está presa no banheiro da Faculdade de Filosofia e Letras, ao mesmo tempo em que o prédio é tomado pelas tropas militares. Estamos em setembro de 1968, e durante 13 dias, sem ter o que comer (a não ser pedaços de papel higiênico), observaremos ziguezaguearem por seu testemunho os destinos de Lílian Serpas e de seu desafortunado filho Carlos, a vida e a morte dos poetas espanhóis León Felipe e Pedro Garlias, além do Rei dos Homossexuais da Colônia Guerrero.

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