29.6.09

Onetti e a salvação pela escrita
O Estado de S. Paulo - 28/06/2009 - Por Eric Nepomuceno
"Você é casado com a literatura. Eu, não: ela é minha amante." A frase, dita por Juan Carlos Onetti a Mario Vargas Llosa, define com precisão o maior autor da literatura uruguaia, que nasceu há 100 anos, em 1º de julho de 1909. Onetti nunca teve método. A sua era uma disciplina singular. Durante um tempo, escreveu a lápis num caderno de capa dura e folhas brancas. Houve períodos de caneta de tinta preta e cadernos de folhas pautadas. E também dos bloquinhos baratos. Sempre à mão. Dizia que a caligrafia é mais lenta que a datilografia, mais lenta que as ideias, e você é obrigado a sentir na mão o peso de cada palavra. Passava por épocas em que anotava frases esparsas que um dia, talvez, se encontrassem e se juntassem. Nessa turbulência estava a sua disciplina: justamente em não haver nenhuma.

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