26.11.09

No ano de Euclides, voz a seu rival
O Estado de S. Paulo - 26/11/2009 - Por Márcia Vieira

O primeiro tiro acertou a virilha. O segundo, o peito. Mesmo ferido, Dilermando de Assis, 21 anos, exímio atirador do Exército brasileiro, teve tempo de pegar seu Smith and Wesson enquanto seu algoz, o escritor Euclides da Cunha, 42 anos, acertava pelas costas um tiro em seu irmão, Dinorah. O duelo prosseguiu. Naquele 15 de agosto de 1909, o autor de Os Sertões entrou na casa do amante de sua mulher, Ana, na Piedade, subúrbio carioca, disposto a lavar a sua honra. Não aguentava mais carregar a humilhação de marido traído. No centenário da tragédia, a historiadora Mary del Priore analisa no livro Matar para não morrer: A morte de Euclides da Cunha e a noite sem fim de Dilermando de Assis (Objetiva, 160 pp., R$ 29,90) os protagonistas deste "drama tecido pelos deuses", como definiu o cronista João do Rio. "Meu ponto de partida foi demonstrar que a morte de Euclides da Cunha foi a tragédia de quatro homens: Dilermando, Euclides, Dinorah e Quidinho, o filho que tenta vingar o pai", explica. Mas é, sobretudo, um livro que conta a saga de Dilermando ao longo de 40 anos para se defender da acusação de assassino.

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