22.7.08

Inferno

Jornal do Brasil - 19/07/2008 - por Juliana Krapp

Uma biblioteca secreta, escondida dentro da oficial. Assim é o Inferno, acervo oculto que resguarda livros tidos como imorais, malditos, proibidos. Na Biblioteca Nacional (BN), a maior do país, o Inferno era, há muito, esparramado. Mais limbo, até: feito de livros como que invisíveis, intencionalmente de fora dos registros, escondidos em prateleiras convencionais. Pois agora, finalmente, o Inferno está virando coleção. Por lá, já estão obras como O menino do Gouveia, considerado o primeiro conto homoerótico brasileiro. E uma edição de Minha luta, o livro proibido de Adolf Hitler. Se não tivessem sido incorporados ao acervo secreto, teriam queimado no fogo da censura. O Inferno os salvou. Mas só agora, pouco a pouco, têm conseguido deixar a clandestinidade. Até o dia 22 de agosto, parte do Inferno da BN pode ser visto pelo público, na mostra "Homoerotismo: prazer entre iguais". A exposição reúne cerca de 20 livros – uma primeira amostragem do que seria o Inferno restaurado.

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