Novas veredas do grande sertão
O Estado de S. Paulo - 25/10/2009 - Por Luiz Zanin Oricchio
O sertão é o mundo todo. O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão. A primeira ideia vem de Guimarães Rosa e está no centro do seu extraordinário romance Grande Sertão: Veredas. A segunda é leve modificação de uma prédica de Antonio Conselheiro. O beato de Canudos dizia: "O sertão vai virar praia e a praia vai virar sertão." No filme de Glauber Rocha, praia foi trocada por mar e assim aparece na letra de Sérgio Ricardo para a canção final do clássico Deus e o Diabo na Terra do Sol, que acompanha o vaqueiro Manuel (Geraldo Del Rey) em sua simbólica corrida rumo ao mar. Guimarães Rosa tinha razão. O sertão está em toda parte. Ou, pelo menos, impregna a fundo o imaginário da cultura brasileira. Não apenas os livros de Euclides da Cunha, Graciliano Ramos e o citado Rosa como também os principais filmes do Cinema Novo e os do período da "retomada do cinema brasileiro", situado entre o início dos anos 1990 e princípio dos 2000. Pois agora ele reaparece - e com todo o vigor - no novíssimo Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo, da dupla Karim Aïnouz e Marcelo Gomes, que tem exibições programadas para a 33ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo nos dias 30 - sexta-feira próxima -, 31, 1º e 2.
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